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1495- Os velhacos não perdoam de bom grado nos outros homens a habilidade de os adivinhar, conhecer e compreender.

1496- Um órgão desconcertado inutiliza a perícia do organista, uma nação anarquizada, a dos melhores governantes.

1497- O amor reparte com a ambição a nossa vida: o primeiro ocupa a mocidade, a segunda a outra parte.

1498- A razão e não menos a consciência é onerosa a muita gente.

1499- Os ambiciosos não têm lealdade em opiniões, professam interinamente aquelas que julgam mais eficazes e propícias à sua pessoal exaltação.

1500- A fé desobriga a razão de muito estudo, fadiga e aplicação.

1501- Os homens não se vendem de graça, o seu amor-próprio lhes marca o preço, mas a concorrência o rebaixa.

1502- Quando os povos enlouquecem, festejam e solenizam os dias de seus maiores desatinos e ingratidões.

1503- Ordem, no vocabulário do egoísmo, significa proveito pessoal; desordem, dano individual.

1504- A imaginação é uma louca estouvada que tem a razão por curadora.

1505- Nas maiores companhias temos a menor liberdade, somos plenamente livres quando estamos sós.

1506- O princípio de que não pode haver ação nem movimento sem deslocação é aplicável não somente aos fenômenos materiais, mas também aos políticos e morais.

1507- A religião, quando impera no coração dos homens, purifica os seus pensamentos, palavras e ações.

1508- O luxo da nossa imaginação sobreexcede algumas vezes ao da mesma natureza.

1509- Os males da vida que fazem melhorar os bons tornam piores os malvados.

1510- Não têm limites a audácia e desembaraço dos velhacos, quando se reconhecem bem conhecidos.

1511- Para colhermos uma verdade, tropeçamos em mil erros.

1512- O jardim das verdades tem altas cercas de espinhos.

1513- Generalizamos as nossas idéias para simplificarmos os nossos conhecimentos.

1514- Instruir e divertir os povos deve ser o empenho dos escritores; os mais hábeis são os que instruem divertindo.

1515- As opiniões dos homens são ordinariamente obra das circunstâncias, raras vezes produto do seu exame e raciocínio.

1516- A poesia orna os moços; a filosofia ilustra os velhos.

1517- Humilhai o vosso amor-próprio, mas respeitai o dos outros.

1518- O bom legislador distingue e classifica, o mau mistura e confunde tudo.

1519- Os anarquistas se envergonham deste nome, e se apelidam republicanos.

1520- A anarquia é ingrata, proscreve e condena por fim os seus doutores e promotores.

1521- A névoa encobre aos nossos olhos os objetos próximos e remotos, os erros e prejuízos ao nosso espírito as verdades mais importantes.

1522- As virtudes enriquecem, os vícios empobrecem os homens.

1523- Um povo corrompido não pode tolerar governo que não seja corruptor.

1524- O mal é a pedra de toque dos bens, que faz conhecer os seus valores e quilates.

1525- A anarquia tem por castigo e corretivo a tirania.

1526- A civilidade, limando e polindo, nos tira a firmeza e solidez.

1527- A insignificância é a sepultura das monarquias.

1528- Os homens de maior inteligência e juízo são os que mais prezam a vida e temem a morte.

1529- Não há tolo constantemente tolo, nem velhaco sem remissão e intermitência.

1530- Os governos tornam-se fracos por ignorância, injustiça e despotismo.

1531- Na imensidade do espaço, todos os pontos são centros, os viventes que os ocupam também podem reputar-se tais.

1532- O instinto nos homens enfraquece à medida que a sua razão cresce, vigora e se desenvolve.

1533- Os sábios falam pouco, porque pensam e meditam muito.

1534- A vida é sempre curta para quem desperdiça e não aproveita o tempo.

1535- A velhice é uma decadência progressiva cujo limite é a morte.

1536- Os homens que nada esperam na outra vida, forcejam e trabalham para gozar e possuir tudo na presente.

1537- O homem benéfico é melhor calculista que o malfazente: a beneficência do primeiro se resolve finalmente em seu proveito, como os malefícios do segundo em seu detrimento e ignominia.

1538- Nas revoluções populares agrava-se o mal dos povos pela retirada, silêncio ou reserva dos homens de juízo, prudência e sabedoria, e a apresentação tumultuosa dos néscios, intrigantes e aventureiros que aspiram a substituí-los nos lugares e empregos do Estado.

1539- Quem em Deus se esperança, tudo alcança.

1540- Não perguntemos a um ou a muitos o que convém a todos, seriamos mal informados pelo egoísmo dos informantes.

1541- Não há verdadeiro heroísmo sem religião, ela só é capaz pelo incentivo de um prêmio eterno de persuadir aos homens os maiores sacrifícios dos bens deste mundo e da própria vida.

1542- Pensando que nos determinamos a nós mesmos, somos levados de ordinário e insensivelmente pela torrente das circunstâncias que nos dominam com um poder mágico irresistível.

1543- Avaliai com exatidão os prazeres da vida para os não comprardes caros com detrimento da vossa honra, saúde e cabedal.

1544- Podemos dizer que espiritualizamos a matéria e materializamos o espírito: no primeiro caso idealizando os céus, a terra e tudo quanto nela se contém; e no segundo, dando figura e corpo aos nossos pensamentos, afetos e concepções morais e intelectuais.

1545- Sê prudente e reservado, mas não misterioso.

1546- A religião promete aos homens, para os fazer bons, o que os governos não podem prometer-lhes: uma eternidade de bens com exclusão de todos os males.

1547- Quando os códigos decretaram, por penas dos maiores crimes, a privação da liberdade ou da vida, reputaram ser estes os maiores bens da existência humana.

1548- A leitura deve ser para o espírito como o alimento para o corpo: moderada, sã e de boa digestão.

1549- Morremos em um instante, e tememos a morte por muitos anos!

1550- Ninguém é mais liberal em louvar os outros homens do que aqueles que são mais dignos de ser louvados.

1551- Feliz o gênero humano se os homens fossem tais como geralmente se inculcam, ou desejam parecer que são!

1552- O temor do mal excita em nós maior atividade que a esperança do bem.

1553- A ordem física tem uma tão íntima conexão e correspondência com a moral, que, pelos fenômenos de uma, se podem explicar suficientemente os da outra.

1554- Há homens que são de todos os partidos, contanto que lucrem alguma coisa em cada um deles.

1555- A austeridade conosco é virtude, com os outros pode ser tirania, injustiça ou imprudência.

1556- A gratidão também é produto do nosso amor-próprio: julgamo-nos desobrigados dos benefícios se nos confessamos agradecidos.

1557- Os tolos exultam e agradecem, como benefícios, os males e danos que se lhes faz sofrer.

1558- Os homens, como os frutos, apodrecem quando estão maduros.

1559- Há verdades que, assim como as frutas, são verdes e travam antes de amadurecerem.

1560- Se não fôssemos passíveis não seriamos compassivos.

1561- Liberdade sem juízo é pólvora em mãos de meninos.

1562- Os tolos antecedem os velhacos, estes não podem existir nem subsistir sem aqueles.

1563- O telescópio e microscópio são dois insignes demonstradores da onisciência e onipotência divina.

1564- O amor-próprio é o amigo leal que nunca nos desampara em os nossos maiores infortúnios.

1565- O rei justo vive sem susto, o tirano pouco tempo é soberano.

1566- Os povos gostam de mudar de governos, como os escravos de senhores.

1567- Muito patriotismo na boca, grande ambição no coração.

1568- Em política e religião os néscios para seu bem devem crer e não discorrer.

1569- Vive de maneira que ao morrer não te lastimes de haver vivido.

1570- Nos nossos votos aos céus, o artigo que mais nos falta é aquele que menos nos lembra pedir: -juízo.

1571- A nudez do amor-próprio é tão indecente e desagradável que recorremos à civilidade para o vestir, ataviar e fazê-lo tolerável.

1572- Quem estudou e conhece os homens, não os despreza nem aborrece, ama os bons e lastima os maus.

1573- Faze guerra a ti só, mas vive em paz com os outros homens.

1574- Há homens que sobem alto, como os papagaios de papel, impelidos pela viração da fortuna e circunstâncias.

1575- Fazem-se modernamente constituições para os povos, como se fariam vestidos para as pessoas sem se lhes tomar a medida.

1576- Ainda que as honras pareçam dever compreender a honra, esta por desgraça muitas vezes é delas excluída.

1577- Não se servem com honra, perícia e integridade os empregos que se alcançam com lisonjas, baixezas e cabalas.

1578- É a vida que nos incomoda e importuna com as suas incessantes requisições e não a morte que de nada necessita.

1579- A presunção nos moços promove a sua atividade; a prudência, filha da experiência, os faria inertes e irresolutos.

1580- Os maus são bons algumas vezes por distração.

1581- Para mereceres o nome de forte, respeita e protege os fracos.

1582- Os instintos nos animais, a razão, engenho e os talentos nos homens são inspirações e revelações da divindade.

1583- Os homens podem ser felizes por tantos modos e maneiras que felizmente é quase impossível definir a felicidade.

1584- Dá bons exemplos ao menos, se não sabes dar bons conselhos.

1585- Não há pessoa tão feia que não descubra alguma beleza na sua própria fealdade.

1586- A ignorância não duvida porque desconhece que ignora.

1587- É tão natural a variedade de opiniões dos homens, quanto seria extraordinária e inexplicável a sua uniformidade.

1588- Desesperamos dos homens porque não confiamos nem esperamos em Deus de cuja providência eles são também instrumentos neste mundo.

1589- Os vícios dão mais ocupação aos homens do que as virtudes; estas têm poucas necessidades; aqueles, inumeráveis.

1590- Os ignorantes e os povos são os mais tenazes e violentos defensores dos seus próprios erros e preocupações.

1591- As pessoas do campo são mais religiosas que as da cidade: ali vê-se a Deus imediatamente nas suas obras, aqui indiretamente nas dos homens.

1592- A beneficência alegra ao mesmo tempo o coração de quem dá e de quem recebe.

1593- Quando pedimos a Deus não nos vem rubor às faces.

1594- Os povos são por vezes traídos por seus delegados como as viúvas, órfãos e ausentes pelos seus procuradores.

1595- Nunca sofremos grátis: as lições da dor e aflição ilustram quase sempre o nosso entendimento ou melhoram a nossa vontade.

1596- O instinto moral é a razão em botão, a qual se desenvolve com o tempo, experiência e reflexão.

1597- O poder é corruptor: os povos quando se tornam soberanos exibem algumas vezes as mesmas paixões, vícios e desvarios dos tiranos.

1598- Os homens são mais vezes maus por ignorância que por malícia ou malignidade.

1599- Partilhamos o louvor que damos sendo justo e merecido.

1600- Quando evitamos as ocasiões, removemos as tentações.

1601- O homem mais preguiçoso é ordinariamente o mais invejoso.

1602- A amenidade do semblante anuncia a bondade do coração.

1603- Ainda que passemos a vida a invejar-nos, nenhum quereria trocar-se por algum dos outros, cada qual tem suas vantagens privativas e especiais.

1604- Assim como o abstrato supõe o concreto, o moral pressupõe necessariamente o físico e material.

1605- Não há protetor de mais fácil acesso do que Deus: está presente sempre em todo o tempo e lugar para ouvir as nossas deprecações e rogativas.

1606- Não interrompemos a quem nos louva mas aos que nos censuram, acusam ou contradizem.

1607- As pessoas que mais temem a morte são ordinariamente as que produzem mais razões e argumentos para provarem que não deve causar medo.

1608- Os anarquistas se esvaecem quando acabam as revoluções, como as lagartas perecem com a mudança das estações.

1609- A filáucia dos moços diverte quando não incomoda os velhos.

1610- Quatro tribunais nos julgam e nos condenam neste mundo: o da natureza, o das leis, os da própria consciência e de opinião publica; podemos escapar de algum mas não de todos.

1611- Os modernos progressistas são apoucados na sua doutrina do progresso quando o limitam a esta vida mortal, e a este mundo de argila; deveriam ampliá-lo à duração eterna dos nossos espíritos suscetíveis de uma acumulação progressiva e indefinida de conhecimentos, idéias e noções sem termo nem limites e por toda a eternidade.

1612- A sólida ciência não consiste em conhecer somente os fatos, os eventos e fenômenos destacados e solitários, mas em saber encadeá-los com os seus antecedentes, e descortinar os princípios e leis da natureza que os determinam e os fazem operar como partes e elementos de uma harmonia universal.

1613- As menores inteligências especificam, as maiores generalizam.

1614- O orgulho ora se veste de burel, ora de púrpura ou brocado.

1615- A impostura e o engano alimentam a muita gente, que não teria emprego e morreria de fome se a verdade surgisse com todo o seu fulgor e dissipasse os erros e ilusões do gênero humano.

1616- O universo material e moral está de tal maneira impregnado da ação e inspirações da divindade que os eventos que parecem mais fortuitos têm a sua origem latente nas disposições predeterminadas daquela infinita sabedoria e providência que vela incessantemente no bem, na ordem e perpetuidade do sistema universal.

1617- São muito raros os homens privilegiados a quem circunstâncias especiais elevaram a um grau de saber insólito e extraordinário; eles deveriam ser os diretores dos povos, mas infelizmente estes não os sabem compreender e apreciar, nem eles tolerar os seus caprichos e desatinos.

1618- É mofina a condição humana! Morremos quando começávamos a saber viver!

1619- Nunca falta força a quem sobeja inteligência: a ignorância é sempre fraca e impotente.

1620- Custa mais trabalho a muitos o tornar-se desgraçados do que a outros o fazer-se afortunados.

1621- O sábio descobre ordem e harmonia onde o ignorante só avista desordem e confusão: o primeiro contempla o quadro inteiro, o segundo apenas distingue uma pequena parte.

1622- Há muitos homens que parecem dignos de grandes empregos enquanto os não ocupam.

1623- Cada uma das idades da vida humana tem suas paixões, inclinações e prazeres peculiares: quando queremos alterar ou inverter esta ordem natural, além de infelizes, nos tornamos ridículos e desprezíveis na opinião dos outros homens.

1624- Há economias ruinosas, como prodigalidade proveitosas.

1625- Todo este mundo é um vasto sistema sexual de procriação, propagação, sucessão, reprodução e perpetuidade das raças e espécies de animais e vegetais: o amor é o primeiro galã em todos os dramas que se executam no teatro vastíssimo deste planeta sublunar.

1626- As honras e títulos ilustram os indignos e são ilustrados pelos beneméritos.

1627- Vestimos a natureza dos nossos afetos e paixões, ela nos parece bela e aprazível quando estamos contentes, triste e lutuosa se o pesar ou dor nos atormenta.

1628- Somos todos atores e espectadores no teatro deste mundo, cada um executa diversos papéis no drama da vida humana, e nos damos reciprocamente aplausos ou pateadas nas variadas cenas em que somos representantes.

1629- A filosofia é tão impotente quanto a religião é poderosa para nos consolar nos males da vida, e determinar-nos a suportá-los com paciência e resignação.

1630- Sem prévia inteligência não aproveita a experiência.

1631- Pode-se graduar a civilização de um povo pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são educadas, tratadas e protegidas.

1632- Calculamos sempre mal quando prescindimos das circunstâncias.

1633- Tudo o que não tem a consciência da sua existência e individualidade não existe para si, mas para aqueles entes que são dotados deste sentimento.

1634- Não admiramos o que não concebemos, nem compreendemos; a admiração pressupõe algum conhecimento das excelências do objeto admirado.

1635- São inumeráveis as pessoas felizes sem o saberem, ou que o sabem somente porque lho dizem; isto sucede especialmente a quem tem sofrido pouco em sua vida, ou aos que gozam de muitos bens sem lhes custar trabalhos nem cuidados.

1636- Sabemos qual foi o nosso princípio, ninguém sabe qual será o seu fim.

1637- São benfeitores da humanidade e promotores do genuíno progresso os que resumem em breves sentenças as grandes verdades, regras e preceitos da vida humana.

1638- As opiniões têm como as frutas o seu tempo de madureza em que se tornam doces, de azedas ou adstringentes que dantes eram.

1639- Crer pouco, descrer muito e duvidar infinito, é a condição quase geral dos homens doutos em todos os tempos.

1640- Os sábios e os cometas são admirados por excêntricos.

1641- Há homens tão loucos ou néscios que qualificam de progresso a libertinagem e desmoralização nos povos e pessoas.

1642- Os povos têm sido incomodados em todos os tempos com certos termos abstratos e princípios gerais que, entendidos segundo as suas paixões e curta inteligência, lhes têm ocasionado graves males e terríveis calamidades.

1643- A inveja cobiça os bens e aborrece os que os possuem.

1644- A lisonja, que corrompe os bons, torna piores os maus.

1645- Observando como as flores estão resumidas em seus botões, e abrindo-se alardeiam a sua expansão e desatam os seus perfumes; admiramos a plenitude daquela sabedoria divina, que, ainda nas menores coisas, é sempre infinitamente variada e maravilhosamente assombrosa.

1646- Somos propensos na mocidade a exagerar pela imaginação os bens que esperamos, e na velhice os males que receamos.

1647- A amizade de alguns homens é mais funesta e danosa do que o seu ódio ou aversão.

1648- A benção dos pais é ventura e cabedal para os bons filhos.

1649- Com Deus tudo podemos, sem Deus nada valemos.

1650- Poupai o tempo mais que tudo, o que passou não torna mais.

1651- Os velhacos talentosos são sempre os mais perigosos.

1652- A prudência em demasia se transforma em tirania.

1653- A historia é nada para os povos, a experiência tudo.

1654- A intemperança nos arruina, e depois nos entrega á medicina.

1655- A felicidade consiste em não sofrer: quando não sofremos, gozamos necessariamente.

1656- Como nos amamos sobretudo, também tememos a morte mais que tudo.

1657- A virtude nunca se maldiz, o vício e o crime, freqüentemente.

1658- Os escritores anônimos são como os mascarados, audazes por desconhecidos.

1659- A liberdade sem religião se converte em libertinagem e devassidão.

1660- Vivemos em Deus, com Deus, por Deus e para Deus.

1661- Os anarquistas mais violentos ou velhacos são nas revoluções os grandes homens dos povos e os seus heróis mais afamados.

1662- É um erro constante nas pessoas de maior inteligência supor nos homens mais juízo, saber e probidade do que eles realmente possuem.

1663- É fácil enganar os homens que não são capazes de enganar a pessoa alguma.

1664- Nada está mais próximo a nós, nem mais remoto da nossa compreensão do que Deus.

1665- A imaginação exagera de tal modo os nossos bens ou males futuros que nos admiramos, quando chegam, de não corresponderem às nossas esperanças ou receios.

1666- O nosso espírito não se retira inteiramente deste mundo, quando deixamos nele o fruto dos nosso estudos, pensamentos e cogitações.

1667- As mulheres enfeitam as cabeças por fora, os homens devem ornar e guarnecer as suas por dentro.

1668- Se pudéssemos convencer os homens desta grande verdade, que os bons ou maus pensamentos, palavras e obras têm o seu prêmio ou castigo correspondente na ordem física e moral deste mundo, muitos bens resultariam para a felicidade individual e social de tão salutar convicção; a virtude seria amada e observada como um meio seguro e infalível de ser feliz, o vicio e o crime detestados pelos seus efeitos terríveis de pena, dor, miséria e desgraça.

1669- Os mundos se movem no oceano imenso do éter como as baleias navegam nos vastos mares da terra.

1670- A barateza dos governos, como a dos artigos de mercancia, inculca a sua inferior qualidade ou avaria.

1671- Este mundo é a verdadeira fênix que renasce das suas cinzas e se renova pela morte.

1672- O céu não se retrata em água turva, nem o espírito agitado alcança grandes verdades.

1673- Os ingratos se esquecem dos benefícios, mas Deus se lembra dos benfeitores.

1674- Surgimos de uma eternidade para entrarmos em outra: a vida humana é uma ponte entre duas eternidades.

1675- Quando o pobre não respeita a riqueza, nem o ignorante a ciência, nem o súdito a autoridade, está perdida a sociedade.

1676- A vida, como a flor, é mais bela dobrada que singela.

1677- Os soberbos não louvam, os humildes não censuram.

1678- A paciência é virtude em poucos e fraqueza em muitos.

1679- Os moços podem diferir e disputar, os velhos devem conferir e concordar.

1680- Quando todos são culpados, todos se acusam ou se escusam.

1681- Contra as leis da óptica, os grandes homens parecem muito maiores de longe do que de perto.

1682- Nada mais prezamos quando chegamos a desprezar-nos.

1683- A ordem pública padece quando se abrem os clubes, e se fecham as igrejas.

1684- O poeta figura o abstrato, o filósofo abstrai o concreto.

1685- Na idade madura mais vezes dissimulamos do que estranhamos.

1686- A guerra civil pode ser considerada como um suicídio nacional.

1687- A anarquia é o estado em que todos tiranizam, e nenhum governa.

1688- Homens há que só brilham entre os néscios, como os pirilampos nas trevas.

1689- Os homens que não se vingam são sempre os mais bem vingados.

1690- É planta frágil e sem duração a virtude, que não tem a sua raiz na religião.

1691- A virtude consiste especialmente na resistência a nós mesmos.

1692- Têm sido muitos os loucos reputados grandes homens.

1693- A beleza é uma harmonia, qualquer que seja o seu objeto.

1694- Os conselheiros dos Príncipes devem ter ciência, prudência e consciência.

1695- A temperança na fruição lhe prolonga a duração.

1696- Na velhice com menos vista avistamos mais velhacos do que na mocidade.

1697- A saúde é uma como a verdade, as moléstias como os erros são inumeráveis.

1698- Nas revoluções as subidas são tão aceleradas como as descidas precipitadas.

1699- Ser cultor da virtude é ter aliança com Deus.

1700- Os comprimentos desta vida se reduzem ordinariamente a parabéns e pêsames, boas vindas e despedidas.

1701- A ventura dos maus tem o brilho e duração do relâmpago, que precede e anuncia o raio.

1702- Uns homens são bons porque têm juízo, outros deixam de ser maus por terem medo.

1703- Os queixosos da vida são amantes arrufados.

1704- A loucura nos velhos é mais disparatada que nos moços.

1705- A unidade se destrói quando as frações se consideram inteiras.

1706- A imaginação é o recreio dos moços, como a reflexão a consolação dos velhos.

1707- Os intrigantes persuadem-se que a intriga inculca talentos e capacidade; a experiência os desmente: anuncia ignorância e improbidade.

1708- Não há castigo verdadeiramente justo entre os homens, sendo impossível calcular perfeitamente a sensibilidade e inteligência dos delinqüentes e ofendidos.

1709- Desculpamos os malvados quando os qualificamos de loucos.

1710- Quando o amor nos visita, a amizade se despede.

1711- Homens há como as serpentes que envenenam aqueles a quem mordem.

1712- As nossas cabeças amadurecem quando encanecem.

1713- A inocência é transparente, a malícia, opaca e tenebrosa.

1714- A resistência enfraquece, a resignação fortalece.

1715- Para os velhacos a palavra não é meio de manifestar os seus pensamentos, mas de os encobrir e disfarçar.

1716- Avistamos a Deus em toda a parte, mas não o compreendemos em nenhuma.

1717- Lemos no presente, soletramos no futuro.

1718- Um trono bem constituído e ocupado é a melhor árvore que se conhece para dar abrigo e sombra aos povos e nações.

1719- Nunca falta matéria para o nosso estudo: achamos em nós mesmos um mundo inteiro para explorar e ocupar-nos.

1720- A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos.

1721- Os andaimes nas revoluções compõem-se da pior gente, como nos edifícios da pior madeira.

1722- Não disputeis com loucos, ébrios e néscios; a vitória não dá gloria, e a derrota é vergonhosa.

1723- Sede benfeitores ainda com o risco de fazer ingratos: a genuína beneficência escusa e dispensa a gratidão.

1724- O sábio deve calar-se para não ser maltratado, o ignorante para não ser desprezado.

1725- Vivemos em tantas vidas e pessoas que nos sentimos despedaçar quando perece alguma delas.

1726- Para bom regime dos povos, os moços devem ser a força dos velhos e estes o conselho dos moços.

1727- A vida humana é o prólogo de um drama misterioso que temos de executar por toda a eternidade.

1728- O futuro dá muito que entender aos velhos, e o presente ocupa inteiramente os moços.

1729- Os Reis devem aparecer aos povos como o sol no horizonte, com toda a pompa e gala de sua luz e cores, dourando e branqueando as mesmas nuvens e vapores que procuram eclipsá-lo.

1730- Congratulemo-nos de saber que ignoramos infinito; teremos de aprender e admirar eternamente.

1731- Nos velhos, a ambição de poder e dominação é comparavelmente mais atroz e violenta que nos moços: estes podem esperar, aqueles não querem perder tempo.

1732- Talvez desprezássemos a glória póstuma se não tivéssemos algumas esperanças de a lograrmos.

1733- O que mais incomoda e atormenta a espécie humana é querer que os homens e as coisas sejam o que não podem ser, ou deixem de ser o que são por sua essência e natureza.

1734- Somos incomparavelmente mais felizes do que pensamos: tal seria o nosso juízo se refletíssemos profundamente na grande soma de bens de que gozamos, e na dos males que não sofremos.

1735- Todos navegamos no arquipélago da vida humana, mas poucos têm em lembrança o porto do seu destino.

1736- O louvor promove o trabalho do corpo e do espírito; é um cordial que alenta e vigora as forças e faculdades de ambos.

1737- Os maus sofrem uma reação necessária dos ofendidos, e da sociedade que se ressente corporal e moralmente das lesões e ofensas dos seus membros.

1738- A medida do nosso saber é o maior ou menor conhecimento que temos da nossa própria ignorância.

1739- A aliança da razão com o coração é necessária e indispensável na peleja e resistência contra as paixões.

1740- Os homens de bem perdem e empobrecem nos mesmos empregos em que os velhacos ganham e se enriquecem.

1741- Fazei por merecer os altos empregos, honras e dignidades: elas virão buscar-vos, ou sabereis escusá-las.

1742- Os homens seriam menos vingativos se não receassem, perdoando as ofensas, provocar a sua repetição.

1743- A soberba exige louvores, a vileza lhos tributa.

1744- Deleita tanto ao benfeitor a presença do beneficiado, quanto a este desagrada a do primeiro: um faz lembrar a boa ação, o outro recordar a obrigação.

1745- Para os sábios é providência divina o que os néscios apelidam fado, sorte, fortuna, acaso e destino.

1746- A anarquia em alguns países é constitucional, tem a sua origem e fundamento nas próprias constituições.

1747- O tempo não passa para os que trabalham, eles o condensam e incorporam nos produtos da sua indústria.

1748- A prudência ou fraqueza dos bons é a causa mais ordinária da vitória e triunfo dos maus.

1749- As grandes inteligências tendem sempre á unidade, as pequenas à pluralidade.

1750- Não queremos pensar na morte, e por isso nos ocupamos tanto da vida.

1751- Desagradar por bem querer e pensar é algumas vezes a sorte dos mais honrados súditos e defensores da Monarquia.

1752- Desapaixonados damos bons conselhos, apaixonados, os olvidamos.

1753- As mortalhas das lagartas vestem os homens de gala.

1754- A probidade abstém-se de fazer mal, a virtude pratica o bem.

1755- As mulheres são melhor dirigidas pelo coração do que os homens pela sua razão.

1756- Os homens pensam mais, as mulheres sentem melhor.

1757- O prazer é para o néscio como o fogo para a mariposa: com tanta imprudência o procura que se queima e morre.

1758- Quando cresce o nosso saber na razão aritmética, o conhecimento da nossa ignorância aumenta na razão geométrica.

1759- Tudo é grande nos grandes homens: vícios, paixões e virtudes.

1760- O patriotismo é estéril se o amor da glória o não exalta.

1761- Debalde envelhecemos, os nossos desejos remoção sempre.

1762- Perdemo-nos no abstrato quando nos alongamos do concreto.

1763- O silêncio dos prudentes é freqüentes vezes sinal de reprovação.

1764- Argumentação sem proveito é trovoada que não dá chuva.

1765- Somos como a mosca da fábula no eixo do coche: pensamos que damos e dirigimos o movimento da fábrica dos eventos políticos, quando rodamos ordinariamente passivos na torrente de suas vicissitudes e revoluções.

1766- No teatro deste mundo todos os atores e bailes são mascarados.

1767- Não nos esqueçamos um só dia de Deus: autor da memória não se esquece um só instante de nós.

1768- Na viagem da vida humana são raras as grandes tempestades, mas freqüentes os aguaceiros.

1769- Vivemos com loucos e entre loucos: é feliz ou muito hábil quem pode tratar com eles sem os ofender nem ser ofendido.

1770- Povo sem lealdade não alcança estabilidade.

1771- Quando alcançamos conceber a idéia de um ser ou unidade infinita e misteriosa, compreendendo e animando toda a imensidade, temos chegado à síntese mais sublime a que pode elevar-se o entendimento humano.

1772- O sábio se compraz em dizer que ignora: o néscio com dificuldade e repugnância o reconhece.

1773- Velho que não tem juízo nunca o teve.

1774- Os tolos admiram os loucos e obedecem aos velhacos.

1775- É ventura para os bons serem ignorados ou esquecidos pelos maus.

1776- Os homens honrados e leais envergonham-se da sem-vergonha dos traidores e velhacos.

1777- Homem que diz mal de tudo e de todos para nada presta.

1778- A razão é a luz do mundo moral e intelectual.

1779- A vingança deleita projetada, e atormenta executada.

1780- A religião ensina a crer, a filosofia, a duvidar.

1781- Os homens mais obsequiosos em palavras são ordinariamente os menos oficiosos em serviços.

1782- As nações são corpos concretos que não se governam com abstrações.

1783- A morte é uma credora inexorável, que não concede espera nem moratória aos seus devedores.

1784- Os que prometem fazer felizes os povos são ordinariamente os que pretendem sê-lo à custa deles.

1785- Três coisas se não recuperam depois de perdidas: vergonha, lealdade e virgindade.

1786- No jogo da vida humana os homens baralham as cartas, mas é Deus que as distribui.

1787- Quando se quebram os cetros, os cajados também se rompem.

1788- A morte, que fecha as portas da vida, abre os portões da eternidade.

1789- A morte e as trevas igualam e confundem tudo.

1790- O caráter da traição é indelével: quem foi traidor uma vez é traidor por toda a vida.

1791- Há países em que os homens são avaliados como os papagaios; os que falam mais têm maior preço e estimação.

1792- Os melhoramentos materiais não precedem, acompanham os morais e intelectuais: a inteligência dispõe e coordena a matéria.

1793- O infinito nos assombra, a imensidade nos circunda e a Eternidade nos espera!

1794- Confiai na mudança em tudo, desconfiai da permanência em coisa alguma.

1795- É dado somente ao divino geômetra medir e compreender a imensidade.

1796- As nações não se amam, quando muito se respeitam.

1797- Antes de prometer e dar devemos deliberar.

1798- Podemos subtrair-nos às vistas dos homens, mas não aos olhos de Deus; mais numerosos do que estrelas têm os céus e flores a terra.

1799- Muitos se consideram com mais valia do que têm: outros ao contrário desconhecem quanto valem.

1800- Há tolos malignos que fazem mais dano e males que os velhacos consumados.

1801- As revoluções detonam segundo a resistência que encontram.

1802- Quanto menos nos conhecemos, mais nos prezamos e admiramos.

1803- O perdão dos malfeitores desalenta os benfeitores.

1804- Subi devagar, chegareis ao alto sem cansar.

1805- Os maus procuram alcançar por assalto e violência os bens que os bons esperam conseguir pelo trabalho. inteligência e virtudes.

1806- Observa-se que os presumidos liberais são ordinariamente os que menos têm que dar e liberalizar.

1807- A ambição do poder e honras contrariada na mocidade prorrompe mais atroz e violenta na velhice.

1808- A nação é sempre leal ao Príncipe justo e liberal.

1809- Encurtamos a vida, afadigando-nos muito mais do que convém para mantê-la.

1810- As leis se complicam quando se multiplicam.

1811- São os bravos que devem governar os loucos.

1812- Os maus contra a sua intenção trabalham freqüentes vezes em proveito e beneficio dos bons.

1813- Navegamos em um arquipélago de erros e ilusões, uma providência misteriosa nos guia para que não naufraguemos a cada instante.

1814- Sem a loucura variada dos homens não haveria novidade ou variedade notável nos eventos morais e políticos deste mundo.

1815- O pobre preguiçoso murmura do rico laborioso.

1816- O problema da vida, a morte resolve em pó.

1817- Sonhamos dormindo, deliramos acordados.

1818- A magnificência encurta a beneficência.

1819- Os charlatães e pedantes não perdoam o desprezo que merecem.

1820- A pobreza orgulhosa explica o cinismo de muita gente.

1821- As loucuras dos velhos justificam as travessuras dos moços.

1822- Há fanfarrões de ciência como os há de valor e nobreza.

1823- Os velhacos nada receiam tanto como parecerem transparentes: a opacidade lhes convém mais que tudo e sobre tudo.

1824- Frio, pobreza e velhice encolhem e apoquentam os homens.

1825- Podem os bons não alcançar louvores, mas nunca faltam queixas contra os maus.

1826- Os néscios poderosos armam os seus inimigos e desarmam os seus amigos.

1827- Há desenganos tardios que chegam já sem proveito e para nosso maior tormento.

1828- A força é a razão suficiente dos tigres e dos malvados.

1829- A inteligência revela-se na extensão e pela extensão.

1830- Os que não sabem ser felizes governados, menos o podem ser governando.

1831- A decantada civilização tem multiplicado de tal modo as nossas necessidades e desejos que para os contentar e satisfazer somos forçados, piorando de costumes, a sujeitar-nos a maiores trabalhos e cuidados.

1832- Conhecem-se os homens pelas suas ações, e os governos pela escolha dos seus empregados.

1833- Se não podemos somar a indefinidade, nem medir a imensidade, nem sondar a eternidade, como poderemos compreender a Deus eterno, imenso e infinito?

1834- Os moços devem ser julgados com indulgência e eqüidade, os velhos com rigor e severidade.

1835- Tudo fala na natureza para quem tem ouvidos: não há movimento, ação, atrito ou resistência sem algum sonido.

1836- É prova do pouco juízo em um velho interessar-se demasiadamente nos negócios deste mundo, de que a morte lhe anuncia a retirada.

1837- Os ignorantes se dariam parabéns da sua ignorância se pudessem descobrir o turbilhão de dúvidas, questões, arcanos e mistérios que torturam e agitam as cabeças dos homens doutos e sábios deste mundo.

1838- Adular os tolos é um meio ordinário de os desfrutar; os velhacos o empregam eficazmente.

1839- Os homens são bons por natureza, nem podiam deixar de sê-lo, sendo destinados pelo Criador a viverem em sociedade, a qual só pode subsistir por amores e virtudes.

1840- A mentira infelizmente é mais social do que a verdade: a civilidade a enobrece e recomenda.

1841- Falai bem dos vossos inimigos, eles serão forçados para não desmentir-vos a abonar o vosso testemunho.

1842- Querendo imaginar um mundo sem males, somos forçados a suprimir também os bens, fazendo os seus habitantes insensíveis para os tornar impassíveis.

1843- Tudo é infinito em Deus, e a sua natureza mais que tudo infinitamente misteriosa.

1844- Os homens suprem com fábulas as verdades que não podem alcançar.

1845- Evitamos os contrastes que nos são desfavoráveis; a feia não acompanha a formosa, nem o ignorante ao homem sábio.

1846- Observa-se nos grandes faladores boa memória, pouco saber e muita filáucia ou proterva.

1847- Os animais também gozam, mas não admiram; o homem inteligente goza admirando, e a sua fruição requinta pela ciência e reflexão.

1848- A crença universal e instintiva do gênero humano em uma vida futura é argumento irrefragável de sua existência e realidade.

1849- O calor nos debates e disputas provém mais do amor-próprio ofendido que do interesse prejudicado.

1850- Quem busca a ciência fora da natureza não faz provisão senão de erros.

1851- Os homens insofridos são os vingadores dos pacientes.

1852- No teatro deste mundo, sendo atores enquanto moços, devemos ser espectadores depois de velhos.

1853- É dos anarquistas que se pode dizer com mais propriedade que procuram dividir para reinarem ou governarem.

1854- Para não desagradarmos nas companhias devemos freqüentes vezes figurar de cegos, surdos, mudos, tolos, néscios, ou idiotas.

1855- Não podemos separar-nos nem perder-nos de Deus: existimos e vivemos na sua imensidade.

1856- Não cativemos o coração nem a razão; para a nossa felicidade devemos sentir e pensar com liberdade.

1857- O patriotismo mal entendido é egoísmo ou idiotismo.

1858- A civilização moderna tem reduzido o número dos tolos, mas aumentado proporcionalmente o dos velhacos.

1859- Há numerosos oradores com melhores pulmões do que miolos.

1860- A vida ocupa os que vivem, a morte desocupa os que morrem.

1861- O juízo é simples e uniforme, a loucura variada e multiforme.

1862- Quando Deus quer, o fel se converte em mel.

1863- O rei que entesoura ajunta milhões, mas não ganha corações.

1864- A inteligência, que procura a Deus, o descobre em cada criatura e o admira em si própria.

1865- O entusiasmo dos povos tem como o fogo de palha muito fulgor, mas pouca duração.

1866- Procurais um patrono? tende-lo presente: é Deus, que com dar muito não empobrece, e com durar séculos e milênios não morre: a sua bondade é infinita e a sua liberalidade inexaurível.

1867- O amor produz mais heroísmo nas mulheres que a ambição nos homens.

1868- O maior tesouro da vida é a esperança e confiança em Deus.

1869- Todos somos mais ou menos usurários; damos para recebermos com grande acréscimo e vantagem, neste ou no outro mundo.

1870- Há homens tão mal reputados que desacreditam aos que elogiam, e honram aos que vituperam.

1871- Cada homem zelando especialmente o seu interesse pessoal trabalha sem o pensar para o bem geral de todos.

1872- O homem rico deve considerar-se esmoler e dispensário da providência divina para com os pobres e miseráveis deste mundo.

1873- A ignorância é audaz, não sabe avaliar o quanto arrisca.

1874- A ambição tortura e tritura os homens.

1875- Ousar -em inumeráveis casos é alcançar.

1876- Os pequenos ambiciosos fracionam e trincham os estados para haverem o seu quinhão; os grandes cobiçam-nos inteiros; os primeiros são anarquistas e federalistas; os segundos, conquista dores.

1877- No grande mercado deste mundo os erros se vendem por verdades, e os vícios se inculcam por virtudes.

1878- Os homens costumados a mandar e ser obedecidos, tornam-se depois impacientes e furiosos quando são contrariados.

1879- Sobe-se igualmente ao trono como ao patíbulo: dá-se em ambos ascensão e exaltação.

1880- Na virtude é necessário perseverar para vencer e triunfar.

1881- Ordem maravilhosa com aparências de desordem: eis a solução completa do grande enigma deste mundo.

1882- A lealdade refresca a consciência, a traição atormenta o coração.

1883- O instinto nos animais é uma inteligência sem progresso.

1884- Há muita gente má por conta dos outros, e não por sua própria.

1885- Deus, porque compreende tudo, é incompreensível a todos.

1886- A vida do sábio é uma perene oração e correspondência com Deus.

1887- Não há sabedoria, mas pode haver ciência sem juízo.

1888- A austeridade dos cínicos é ambição da autoridade.

1889- Os louvores extorquidos são brevemente desmentidos.

1890- Nas cortes, como na natureza, os reptis e lagartas se transformam em voláteis e borboletas.

1891- Povo sem juízo, lealdade e religião vive sempre em revolução.

1892- Quem se não receia da liberdade não a merece.

1893- O possível para Deus não tem limites: a sua medida é o Infinito.

1894- Os benefícios que recebemos de Deus a cada instante no exercício da vida são tantos que não podemos distingui-los nem enumerá-los.

1895- Não devemos avaliar a nossa felicidade somente pelos bens que gozamos, mas também pelos males que não sofremos.

1896- Nunca recorremos a Deus em vão: a sua proteção é misteriosa, mas eficaz e indefectível.

1897- A bênção dos velhos felicita os moços que a sabem merecer e respeitar.

1898- Os velhacos ambiciosos se associam com toda a casta de gente, até com os seus próprios inimigos, se nisso esperam vantagem.

1899- Bem-querer e bem-fazer importa muito para bem viver.

1900- Há também nas democracias um trono: a anarquia o ocupa freqüentes vezes.

1901- A anarquia começa a dominar quando todos pretendem governar.

1902- A desconfiança é a sentinela da segurança.

1903- Nunca os sábios se acham mais ocupados como quando parecem mais distraídos e sedentários.

1904- A exatidão e verdade acompanham a probidade.

1905- Os escritos juvenis têm ordinariamente o sabor e adstringência dos frutos verdes.

1906- A virtude, se encurta a liberdade, alonga a felicidade.

1907- Sempre amanhece tarde para o homem diligente, e muito cedo para o negligente.

1908- A reputação do velhaco esteriliza a profissão.

1909- Querendo dar-nos muita importância, perdemos ordinariamente a pouca de que gozávamos.

1910- Pouco valem os preceitos e conselhos da sabedoria sem as lições incisivas e penosas da experiência.

1911- Os homens parecem extravagantes por loucos ou muito sábios.

1912- No laboratório da natureza a vida organiza, a morte pulveriza.

1913- Ninguém diz tanto mal de nós como a própria consciência.

1914- A consciência para muita gente é uma velha rabugenta, que de tudo ralha e de nada se contenta.

1915- Os que sabem avaliar as faculdades dos benfeitores pedem muito ou tudo a Deus, e pouco ou nada aos homens.

1916- Os povos devem ser governados como quantidades concretas e não entidades abstratas.

1917- Interessemo-nos pouco, sofreremos menos.

1918- Somos tão maus calculistas que raras vezes conseguimos o que esperamos ou desejamos.

1919- A virtude não teme, o crime estremece a cada instante.

1920- A previsão do futuro nos faria talvez infelizes no presente.

1921- A natureza é muda para os néscios, como os livros para aqueles que não sabem lê-los.

1922- Beneficiai o vilão, conhecereis a ingratidão.

1923- A importância que ambicionamos na mocidade nos é incomoda e onerosa na velhice.

1924- Os ingratos e traidores são também maus pagadores.

1925- O finito e mortal pode só nascer e existir no eterno e infinito.

1926- A morte para os velhos quanto mais tarda mais se aproxima.

1927- O velho que não tem prudência não se aproveitou da experiência.

1928- A fecundidade em palavras anuncia esterilidade em obras.

1929- Os bons podem não ter amigos, aos maus nunca lhes faltam inimigos.

1930- A conquista das vontades e corações assegura a posse das pessoas e seus serviços.

1931- O homem silencioso infunde respeito em uns, suspeita e desconfiança em outros.

1932- O nosso pensamento se diviniza quando pensamos na divindade.

1933- São as plantas humildes as que produzem mais belas flores.

1934- O castigo dos maus não prescreve: demora-se algumas vezes, para tornar-se mais grave e tormentoso.

1935- A beneficência perfeita alcança e compreende também os mesmos animais.

1936- O engano geral dos homens que mais contribui para os seus males consiste em tomarem os meios por fins, e os erros por verdades.

1937- Quando os loucos e velhacos crescem em número extraordinário, envolvem e levam no seu turbilhão os homens de maior saber e juízo, e os forçam a aprovar e aplaudir os seus desvarios e disparates.

1938- Os loucos iludem e desorientam os prudentes: estes não podem prever, calcular nem prevenir os erros, contradições e disparates da loucura.

1939- Governar povos deve parecer negócio de muito fácil execução: não há charlatão, pedante, louco, tolo ou néscio que não se creia habilitado para tão importante ministério.

1940- Congratulemo-nos de ser aborrecidos pelos maus: o seu ódio nos extrema e discrimina deles.

1941- Um profundo conhecimento dos homens nos torna misteriosos, reservados ou insociáveis.

1942- Os grandes homens avistam e descobrem ao longe a sua gloria póstuma: esta previsão os consola da inveja, indiferença, desprezo ou perseguição dos seus concidadãos e contemporâneos.

1943- Para não ofendermos em nossos escritos a opinião publica dos contemporâneos, expomo-nos a figurar de tolos e ignorantes na posteridade.

1944- Os homens parecem exigir que vivamos sempre para eles: todavia, na velhice, é justo que vivamos especialmente para nós.

1945- Este mundo tem duas faces, uma grave, outra burlesca: cada qual o comenta e define conforme se lhe representa.

1946- A riqueza é um grande bem que nos habilita para darmos e não pedirmos.

1947- Como o sol doura as nuvens que o eclipsam, o homem virtuoso favorece os mesmos que o maltratam.

1948- Pequenos, mas freqüentes obséquios nos granjeiam mais amigos que grandes, porém raros benefícios.

1949- Os homens projetam muito e executam pouco: têm mais imaginação e inteligência do que poder.

1950- Os anarquistas adulam os povos, como os cavaleiros afagam os cavalos para os montarem sem resistência.

1951- Máximas há que, sendo tais para uns, para outros são sentenças em que se julgam compreendidos e condenados.

1952- A sabedoria confere aos seus cultores uma fruição latente e misteriosa que os homens vulgares não podem conceber nem compreender.

1953- Em política o futuro é mais tenebroso do que em moral.

1954- Os povos morgados da natureza são como os das famílias: ordinariamente tolos, ignorantes o vaidosos.

1955- A felicidade humana será sempre frágil e fugaz enquanto não tiver a sua origem e funda mento no amor e temor de Deus.

1956- As máximas, conselhos e preceitos pouco aproveitam aos povos; graves males padecidos são os seus melhores preceptores.

1957- O falso merecimento tem um brilho fosfórico e transiente, o verdadeiro, um fulgor solar e permanente.

1958- Se a ignorância é feliz em não conhecer a gravidade dos seus males, por outra parte não os sabe prevenir, remover ou remediar.

1959- São numerosas as pessoas que empobrecem por quererem figurar de muito ricas.

1960- Na sociedade os interesses e opiniões individuais encontram-se, pelejam, capitulam e se harmonizam.

1961- A liberdade sobeja sempre nos homens; o que lhes falta é juízo.

1962- Os fracos reclamam tolerância, os fortes a recusam.

1963- E mais fácil inculcar boas doutrinas que instruir com bons exemplos.

1964- A simplicidade afetada é refinada velhacaria.

1965- O tempo nada produz, mas tudo se forma no tempo e com o tempo.

1966- Aquele que mais pensa e reflete, goza e sofre mais que os outros.

1967- Há grandes bens que, para serem duráveis, devem ser precedidos de graves males.

1968- Quando os homens se desigualam, então se harmonizam.

1969- A natureza não sabe copiar; quanto gera e produz é tudo original.

1970- Quem arma os seus inimigos, a si próprio se desarma.

1971- Ainda que nos faltam meios, sempre nos sobejam desejos.

1972- Deve supor-se má toda a ação que não queremos que chegue à noticia e conhecimento dos outros homens.

1973- Em Deus precedeu a concepção ideal à execução objetiva do universo, e suas partes: os homens não podem elevar-se ao ideal senão pelo concreto e material desta fábrica assombrosa.

1974- Os nossos desejos e esperanças murcham e caem geralmente como as flores, sem vingarem frutos.

1975- As máximas são como os números, que compreendem grandes valores em bem poucos algarismos.

1976- Anarquizar para governar é o programa da gente louca e ambiciosa em todos os tempos.

1977- A franqueza tão reclamada, quando efetiva, desagrada.

1978- Fazei falar o povo, os sábios se calarão.

1979- A reforma dos costumes nos povos depravados deve começar pela dos seus preceptores, doutores e literatos; são estes os que ordinariamente os têm corrompido com suas doutrinas e maus exemplos.

1980- Tendo a Deus por nós, quem poderá contra nós! o Autor da inteligência e da força é o nosso maior e melhor aliado.

1981- Devemos na mocidade fazer provisão para a velhice de idéias, verdades, desenganos e bens da fortuna.

1982- Acompanhai a virtude, e chegareis à felicidade.

1983- Vale mais ser invejado que lastimado.

1984- Quem não tem medo, vive sem resguardo e acaba cedo.

1985- Nunca falta um cão que nos ladre, nem um zoilo que abocanhe os nossos escritos e nos acuse de plagiários.

1986- A ciência médica ensina a curar os doentes, a arte da guerra a matar os sãos.

1987- Tratai bem ao vilão, ele vos maltrata: tratai-o mal, então vos acata.

1988- É mais tolerável um moço imprudente que um velho impertinente.

1989- A glória humana bem ponderada nunca vale quanto custa.

1990- A retribuição ordinária dos povos pelos maiores benefícios recebidos é a ingratidão.

1991- A nossa cabeça é a oficina da cogitação, como o nosso estômago o laboratório da nutrição.

1992- Generalizar e abstrair é simplificar e espiritualizar.

1993- A ingratidão descobre o vilão.

1994- As cores podem harmonizar-se, mas nunca identificar-se.

1995- A fortuna por inconstante esperança tanto o desgraçado como intimida o afortunado.

1996- As esmolas não desfalcam a riqueza, antes a promovem e santificam.

1997- Bem merecem o sono da noite os que aproveitam utilmente as horas do dia.

1998- Tudo na natureza desmente o ateu, até a sua própria existência e argumentação.

1999- Se pudéssemos chegar a um certo grau de ciência e sabedoria, nos tornaríamos impassíveis e impecáveis.

2000- As velhas não têm amantes, os velhos não têm amigos: recorrem todos aos céus porque a terra os desampara.

2001- A velhice é talvez menos penosa pelos males que sofremos do que por aqueles que receamos.

2002- Não confieis os vossos interesses de um tolo, aventurai-os antes de um velhaco.

2003- Os velhacos não desenganam os tolos para não perderem o seu patrimônio.

2004- O sábio desabafa escrevendo, o néscio, maldizendo.

2005- Quem não é grato, menos será pagador exato.

2006- São dois grandes preservativos de males, a vergonha na mocidade e a prudência na velhice.

2007- A bondade é inseparável da sabedoria: podemos ser bons sem ser sábios, mas ninguém é sábio que não seja bom.

2008- Uns vícios excluem outros, como umas paixões deslocam outras.

2009- A nossa existência neste mundo não é fortuita, mas pré-ordenada pela infinita sabedoria de Deus, para nossa felicidade e exercício perpétuo de sua eterna beneficência.

2010- O negócio dos velhacos é de segredo; conhecido, está perdido.

2011- A realidade nunca dá quanto a imaginação promete.

2012- Sabemos melhor queixar-nos que agradecer.

2013- Homens há que valem muito mais que a sua reputação; o seu silêncio, retiro, modéstia e reserva não deixam distinguir toda a extensão do seu merecimento, saber e virtudes.

2014- Não devemos gozar para sofrer, mas sofrer para melhor gozar.

2015- Não devemos proferir palavras nem fazer ação alguma de que nos envergonhemos ou possamos arrepender-nos: o prazer efêmero de semelhantes ditos e atos não compensa os desgostos que depois sentimos, e as exprobrações amargas da consciência que só condena.

2016- Os malvados são também inclusivamente loucos.

2017- Qualificamos de desengano o que freqüentes vezes não é mais que um novo engano.

2018- Não conhecemos o mundo externo como ele é em si, mas como o sentimos formulado pelos nossos sentidos, e pelas leis da nossa percepção e inteligência.

2019- O amor de Deus difere muito do profano; este nos enerva e consome; aquele conforta, esperança, e nos confere uma força, confiança e vitalidade sobrenatural, misteriosa e incompreensível.

2020- O teatro deste mundo é o de maior variedade possível: dramas, cenário, atores e espectadores, tudo varia e se sucede com tanta rapidez e novidade que para uns é objeto de terror e espanto, e para outros, de estudo e admiração.

2021- É bom consultar a opinião publica, não é seguro confiar nela.

2022- A soberba não perdoa, a humildade não se vinga.

2023- Os velhacos açulam os loucos, os tolos aplaudem a todos.

2024- Os que mais ambicionam os altos empregos são ordinariamente os que menos os merecem.

2025- Dão-nos mais sujeição os amigos novos do que os velhos.

2026- A paixão calcula quase sempre mal, a razão, poucas vezes bem.

2027- É duvidoso se sofremos mais pela própria ignorância ou pela dos outros homens.

2028- O pranto na ventura é como a chuva no verão, raiando o sol.

2029- Trabalhando para a nossa glória póstuma a antecipamos de algum modo, e nos deliciamos em tão aprazível esperança.

2030- A ciência em um velho aloucado agrava a sua insânia e multiplica os seus desvarios.

2031- A misantropia limita-se aos homens, não compreende as mulheres.

2032- A vergonha cora as faces, o medo as desbota.

2033- Os dois sexos não são antagonistas: um é o complemento do outro.

2034- A avareza promove a temperança e aconselha a dieta.

2035- Tudo pode o nosso amor-próprio perdoar aos velhacos, menos a filáucia de se reputarem impenetráveis e incompreensíveis.

2036- Ocorrem lances de dor e aflição na vida em que nos reconhecemos com mais força e resolução para suportá-los, do que havíamos imaginado antes da sua invasão.

2037- O mundo é lugar desmesurado para o nosso corpo, porém muito diminuto para o nosso espírito; este viajor infatigável se abstrai e passeia freqüentes vezes na imensidade do espaço.

2038- Os que blasonam de não ceder nem vergar são como as estátuas de pedra ou bronze, que, por materiais e inanimadas, não se curvam nem se dobram.

2039- A prova da excelência de um bom livro é algumas vezes a escassez dos louvores conferidos ao seu autor.

2040- A melhor filosofia é aquela que ensina, como a religião, a amar a Deus sobretudo e aos homens, como a nós mesmos.

2041- A velhice é sempre respeitável; anuncia uma longa e vitoriosa campanha da vida contra os males inumeráveis que a destroem.

2042- Vivemos simultaneamente em dois mundos, um real, outro fantástico ou ideal: este nos ocupa mais do que o primeiro, e ocasiona como por encanto muitos dos mais notáveis acontecimentos que observamos.

2043- Os grandes homens não sabem dissimular as suas opiniões e sentimentos, e os revelam ordinariamente com risco da própria vida e fazenda.

2044- Quando morremos para a vida, nascemos para a eternidade.

2045- Os que menos sabem governar-se são ordinariamente os que mais ambicionam governar os povos.

2046- Os moços gostam dos velhos que se parecem com eles em leviandade, imprudência e estouvamento: com tal autoridade e exemplos se julgam justificados.

2047- O trabalho como o tempo se materializa e incorpora nos produtos da indústria e inteligência humana.

2048- As inteligências se comunicam por corpos orgânicos, que lhes servem de invólucros, instrumentos e condutores.

2049- Os poderosos de terra não podem tolerar a verdade sem o condimento e especiaria da lisonja.

2050- Livros há que quanto mais se lêem mais se admiram: são produções substanciais de profundo saber e experiência.

2051- As disputas científicas servem ordinariamente mais para demonstrar a nossa ignorância do que para comprovar o nosso saber.

2052- O aplauso dos tolos e néscios é assuada para os homens graves e ilustrados.

2053- Começamos a conhecer os homens quando principiamos a desconfiar do seu juízo, saber e probidade.

2054- Este mundo é propriedade de todos os viventes, e com especialidade dos mais inteligentes.

2055- Como as plantas e arbustos guarnecem as rumas dos edifícios nobres, os filhos e netos ornam a velhice dos anciãos ilustres.

2056- Os males das províncias têm ordinariamente a sua origem na insânia e desvarios do sensorium das capitais.

2057- Tudo no universo é ordem e harmonia: os entes que melhor o reconhecem são os mais sábios e inteligentes.

2058- O fado ou destino dos pagãos é a providência dos cristãos.

2059- Os loucos, tolos e néscios têm a vantagem de não sofrerem os males antes que cheguem: os homens prudentes e de juízo os padecem antecipadamente pela sua previdência e reflexão.

2060- Os homens seriam muito infelizes se Deus anuísse a todos os seus votos e deprecações.

2061- Vestir e formular dignamente um pensamento é muito mais difícil que concebê-lo.

2062- A ambição encanecida torna-se mais feroz e homicida.

2063- Devemos gozar singelo para não sofrermos dobrado.

2064- É terrível a idéia da morte para quem muito goza, muito possui e muito ama.

2065- Os anarquistas e desordeiros não têm sistema: desordem não pode ser sistematizada.

2066- A felicidade das criaturas inteligentes cresce e avulta proporcionalmente com a noção progressiva que concebem de Deus e seus divinos atributos.

2067- Adular é negociar para muita gente.

2068- Os homens preferem, a tudo a pátria própria: cada passarinho acha bonito o seu ninho.

2069- Ninguém goza tanto deste mundo como aquele que melhor o conhece e admira.

2070- Os tributos mais gravosos são os que a vaidade e a moda nos impõem.

2071- A curiosidade se apascenta de notícias, e o mundo é um teatro de novidades.

2072- Os benefícios morosos tornam-se rançosos.

2073- O bom governante é aquele que melhor sabe conciliar os caracteres diversos e contrários dos homens, como o hábil compositor de música harmoniza os sons discordes e opostos dos instrumentos e vozes.

2074- A loucura nos homens é tão versátil e variada que os prudentes em seus cálculos não podem compreender todas as suas espécies e variedades.

2075- Os sábios recusam o poder, os loucos o cobiçam.

2076- O governo dos tolos é também o dos velhacos, seus assessores e confidentes.

2077- Lemos em Deus quando estudamos e observamos a natureza.

2078- Quem emprega e se serve de um traidor a si próprio se atraiçoa.

2079- Desmentimos ordinariamente na prática as doutrinas e teorias que professamos, quando as temos adotado por moda e sem critério, e não são produtos da própria lavra, estudos e meditações.

2080- A genuína lealdade é caluniada e proscrita, quando os traidores alcançam o poder e autoridade.

2081- A inveja a ninguém enriquece ou enobrece.

2082- A superfina civilização é superlativa escravidão.

2083- Há uma bondade imbecil que se confunde muitas vezes com o idiotismo.

2084- Em amor e crença nada vale o mandamento.

2085- As crianças são acalentadas por dormirem, e os homens enganados para sossegarem.

2086- É triste a condição do sábio entre ignorantes e do homem probo entre velhacos.

2087- O homem inconstante difere de si próprio a cada instante.

2088- Com mais facilidade aconselhamos e consolamos do que esmolamos.

2089- Os povos não sabem amar nem aborrecer, e muito menos agradecer.

2090- Tudo temem os delinqüentes, nada receiam os inocentes.

2091- Todos têm olhos para ver e prezar a formosura, poucos, inteligência para avaliar e admirar a sabedoria: esta vence com o tempo, aquela triunfa aparecer.

2092- A vida tudo enfeita, a morte desfigura tudo.

2093- Toleram de bom grado todas as religiões os que não professam alguma.

2094- O bafo dos jacobinos polui os tronos e marasma os imperantes.

2095- As injúrias lembram sempre, quando os benefícios esquecem.

2096- Pouca inteligência dirige, coordena e senhoria muita força.

2097- O tempo é um capital muito importante para quem o sabe administrar e aproveitar convenientemente.

2098- Há velhos monstruosos que reúnem os vícios, paixões e desvarios da mocidade com os da velhice, e requintam em todos eles.

2099- Os tolos nos incomodam, os velhacos nos prejudicam.

2100- Os louvores comprados são como tais avaliados.

2101- A lisonja foge da desgraça, a verdade a freqüenta.

2102- Há uma douta ignorância que é mais funesta aos povos do que a ignorância iletrada.

2103- É nos teatros que os homens choram e se riem de si próprios sem o pensarem.

2104- As saudades crescem e avultam com os anos, e são inumeráveis na velhice.

2105- A sabedoria é o maior prêmio na loteria da vida humana: o sábio goza mais que ninguém, porque também ama, conhece e admira a Deus melhor que os outros homens.

2106- Os anarquistas se revelam pelos seus discursos, como as cobras cascavéis pelo seu tinido.

2107- Como as flores enfeitam a terra, os astros abrilhantam os campos da imensidade.

2108- A aranha fabrica a sua teia para viver, a lagarta a sua mortalha para morrer.

2109- A inveja ambiciosa desdenha o que mais cobiça.

2110- A noite cobre um mundo e descobre inumeráveis outros.

2111- Há homens-insetos destinados a pungir, importunar e incomodar os outros homens.

2112- A alteza dos pensamentos anuncia a nobreza dos sentimentos.

2113- É muito incômoda, ou antes intolerável, a amizade com pessoas nimiamente cerimoniosas, que fazem alarde de uma civilidade superfina e refinada.

2114- É impossível e incompatível a existência de um caos com a de Deus.

2115- Tudo quanto nos circunda limita a nossa liberdade, esta é sempre menos real do que ideal: homem em sociedade é um escravo que se imagina livre, e não pode sê-lo quanto presume, por sensível e passível em infinitas relações.

2116- O conhecimento do presente e passado nos é útil: a previsão do futuro nos faria talvez muito infelizes.

2117- Quando subimos a Deus pela oração, descemos abençoados pela sua divina mão.

2118- Eventos há que por antecipados se tornam desastrosos: seriam felizes se chegassem maduros na ordem natural dos tempos e das coisas.

2119- A cultura da razão pelo estudo, exame o reflexão, pode conduzir-nos a um grau de saber que nos ponha em contradição com as opiniões vulgares: neste caso, devemos ser prudentes, evitando disputas, e esperando do tempo a madureza das verdades.

2120- Nos anfiteatros da antigüidade brigavam os animais para divertirem os homens, presentemente, nos salões parlamentares, rixam os doutores para entreterem os néscios.

2121- Os homens e povos, quando arremedam os outros, de algum modo se desfiguram, tornando-se caricaturas.

2122- Em matéria de religião, a força pode fazer hipócritas, mas nunca verdadeiros crentes.

2123- Não é boa a vista que mostra os objetos dobrados, nem seguro o entendimento que exagera as opiniões e doutrinas.

2124- Há um orgulho nobre e majestoso que descobre os heróis, os sábios e os homens justos.

2125- A traição se disfarça muitas vezes com os trajos da lealdade, como o egoísmo com a máscara do patriotismo.

2126- Há grandes verdades que avistamos de longe, e que desaparecem quando as queremos reconhecer de perto.

2127- A felicidade sensual é a mais incompleta de todas: não pode subsistir sem o contraste e especiaria dos males.

2128- A vida tem um valor sem par para os que a sabem gozar e apreciar.

2129- Os velhacos são maus calculistas, professam uma ocupação que se esteriliza pelo seu mesmo exercício e publicidade.

2130- O que os doutos ganham por seus escritos, perdem freqüentes vezes pela sua presença e trato familiar.

2131- A audácia dos anarquistas é prodigiosa: ousam muito porque nada aventuram e esperam tudo.

2132- Folgamos de ser enganados com boas promessas e esperanças, ainda quando suspeitamos que não sejam realizadas.

2133- O egoísmo é mal sucedido nos seus cálculos e esperanças; não sabe avaliar a resistência que necessariamente deve encontrar, referindo tudo a si, e prescindindo dos interesses dos outros homens.

2134- A idade de ouro não foi a primeira, há de ser a última das idades do gênero humano.

2135- Os ricos afetam de pobres para não serem importunados, os pobres, de abastados, para alcançarem crédito e confiança.

2136- Os velhos são injustos com os moços quando exigem deles qualidades morais que a idade, estudo e uma longa experiência podem somente conferir-lhes.

2137- Juízo é a inteligência prática e experimental que nos faz conhecer e alcançar os bens e evitar os males da vida.

2138- Defendemos em um tempo as mesmas opiniões que combatemos em outro: os anos modificam o nosso entendimento como alteram a nossa fisionomia.

2139- A ambição de ciência é tão serena e aprazível em seu processo e meios quanto a do poder e honras é violenta e tormentosa: a primeira tem sabedoria por objeto, a segunda a dominação ou tirania.

2140- É incalculável o grau de virtude a que os homens poderiam chegar se cressem em Deus e o amassem como a natureza o revela, e não como as opiniões humanas o representam.

2141- Os votos dos homens, sendo pela maior parte imprudentes, não admira que sejam desatendidos e rejeitados pela bondade e justiça da divindade.

2142- O amor sexual é a primeira e principal origem de todos os outros amores naturais e sociais.

2143- As substancias que não resistem são as que penetram mais profundamente, e dissolvem os corpos mais sólidos e compactos.

2144- Como entre os povos e nações, há também guerras, tréguas e pazes entre as opiniões dos homens.

2145- Os homens recomendam e inculcam seus vícios por virtudes: o avarento se diz econômico, e o pródigo, liberal.

2146- A escravidão avilta o escravo e barbariza o senhor.

2147- Os tolos e néscios servem de escadas para os velhacos subirem e os oprimirem.

2148- Todos os vícios e paixões têm o seu martirológio profano.

2149- Todos nos enganamos reciprocamente: umas vezes de boa fé, outras sem ela.

2150- Quem não faz sacrifícios não alcança benefícios.

2151- Se pudéssemos conhecer e prever o futuro, não seríamos livres.

2152- Passei e vi o mau exaltado e triunfante, regressei depois, e já não achei vestígios da sua existência abominosa.

2153- A vida e a morte, o bem e o mal, ambos se balançam e harmonizam para a renovação, conservação, e perpetuidade deste mundo planetário.

2154- Homens há que parecem fadados a trabalhar incansavelmente para se fazerem desgraçados.

2155- O martirológio político vai sendo muito mais volumoso que o religioso.

2156- Alcançamos mais vitórias calando do que falando.

2157- Homens! aprendei a vencer-vos e triunfareis de todos.

2158- A virtude e lealdade se retiram quando o crime e traição alcançam prêmios.

2159- Perpetuamos a nossa vida em nossos filhos, obras e escritos.

2160- Os moços têm suficiente força material para destruírem, mas insuficiente perícia intelectual para construírem.

2161- Quando vos louvarem, louvai imediatamente a Deus, que vos conferiu qualidades dignas do louvor dos homens.

2162- A tirania no singular é menos gravosa que no plural.

2163- O universo natural e concreto é obra de Deus, o mundo abstrato, criação dos homens e origem dos seus maiores erros.

2164- Sabemos que ignoramos, mas é impossível que conheçamos o quanto.

2165- As pessoas que mais se ocupam de política, governos e suas diversas formas, são ordinariamente as que menos sabem reger-se e governar-se.

2166- A vida é um bem tão precioso que os velhos, gozando menos que os moços, são os que melhor a sabem prezar e avaliar.

2167- Quantos milhares ou milhões de vidas não custa a mantença da nossa própria! vivemos de cadáveres, e nos queixamos da morte!

2168- Homens há que têm uma celebridade efêmera como a das modas: figuram e desaparecem em pouco tempo.

2169- Onde se não preza a honra se desprezam as honras.

2170- O medo é um dos maiores e mais eficazes elementos de ordem e harmonia sociais.

2171- Há na ventura uma expansão ou dissipação que nos enerva e debilita, como na desgraça uma certa concentração que nos alenta e fortalece: na primeira, pertencemos ao mundo externo, na segunda, a nós mesmos solidariamente.

2172- Se não houvessem loucos e imprudentes, grandes empregos ficariam vagos em certas crises e circunstâncias.

2173- Os maus têm a imprudência de se acusarem reciprocamente, para cautela, resguardo e apercebimento dos bons.

2174- A terra verde esmaltada de flores, e o céu azul abrilhantado de estrelas, ambos concordes, anunciam e proclamam a glória, magnificência e majestade de seu Criador Onipotente.

2175- Os anarquistas modernos se servem com vantagem das doutrinas do federalismo para desunir e soberanizar as províncias, desconjuntar os estados e acabar com as monarquias.

2176- Quando chegamos a amar e admirar a Deus, as flores nos parecem mais belas sobre a terra, as estrelas mais brilhantes nos céus, e a natureza, toda radiosa de alegria e magnificência, mais nos encanta com suas maravilhas assombrosas.

2177- Os publicistas modernos ensaiam constituições nos povos, como as meninas, enfeites e vestidos nas suas bonecas.

2178- A escravidão é o tributo que a ignorância paga à força dirigida por maior e melhor inteligência.

2179- Os legados de engenho e sabedoria deixados ao gênero humano são os mais seguros monumentos para perpetuar a nossa memória e renome nos séculos futuros.

2180- Muito poucas das nossas esperanças se realizam, contamos com circunstâncias que não ocorrem, ou se alteram, ou se coordenam por diverso modo do que pensávamos.

2181- Os rouxinóis emudecem quando os jumentos ornejam.

2182- Ninguém deve recear-se tanto da desgraça como aquele que se acha elevado à maior ventura.

2183- É muito precária a felicidade que depende dos outros e não tem a sua nascente em nós mesmos.

2184- O universo é a manifestação objetiva da infinita sabedoria, poder, bondade, justiça e providência de Deus, seu autor e criador.

2185- Ninguém se gaba de ter juízo ou virtude: todos sabem que cada qual presume o mesmo de si e não o acredita facilmente dos outros.

2186- É na velhice que se sabe melhor avaliar e apreciar saúde, ciência e riqueza.

2187- As flores mais belas não são as mais vistosas.

2188- Sede econômicos e poupados, o que hoje e despendeis em bagatelas faltar-vos-á amanhã para o necessário.

2189- Em política os remédios brandos agravam freqüentes vezes os males e os tornam incuráveis.

2190- Abstemo-nos muitas vezes de investigar as causas dos nossos males pelo receio de achar-nos culpados, reconhecendo que os havemos merecido.

2191- Gozar admirando e reconhecendo a divina beneficência é o privilegio especial dos homens sobre a terra.

2192- Debaixo de uma aparente desordem e confusão, tudo é ordem e harmonia, na terra entre os viventes, como nos céus entre as estrelas.

2193- Quem não tem medo, não tem juízo: falta-lhe o conhecimento dos males, o que muito importa na ciência humana.

2194- A morte é mais penosa para quem vê morrer do que para aqueles mesmos que perecem agonizando.

2195- O fato ou fenômeno mais assombroso sobre todos é a harmonia do bem e do mal no sistema universal da natureza.

2196- Tudo tende à unidade: a sua falta é anarquia.

2197- Uns são loucos por falta de juízo, outros o parecem por seu excesso ou transcendência.

2198- Faltando os bons costumes, multiplicam-se as leis e com elas as transgressões.

2199- A velhice nos homens é respeitável, nas mulheres, desagradável.

2200- A fonte dos benefícios se estanca nos homens, em Deus é eterna, infinita e inexaurível.

2201- Não admira que os néscios se considerem muito sabedores: eles têm a vantagem de desconhecer que ignoram.

2202- A inteligência se objetiva e manifesta na extensão: ambas se harmonizam e constituem o universo.

2203- O temor das potências invisíveis contribui mais do que se pensa para o respeito e obediência às visíveis deste mundo.

2204- Falando bem dos outros fazemo-nos amar; maldizendo, temer ou aborrecer.

2205- Dissolvei os ódios com benefícios, e tereis por amigos os vossos próprios inimigos.

2206- Podem-se reduzir todas as paixões a duas, amor e ódio, e estas a uma única, o amor-próprio ou amor de nós mesmos, princípio e fim de todas as nossas apetências e aversões.

2207- Antecipamos as épocas quando publicamos verdades que os nossos concidadãos ainda não podem compreender, e nos expomos a ser maltratados ou perseguidos.

2208- Se a cada um dos nossos sentidos corresponde externamente um mundo de fenômenos maravilhosos, de quantos mundos variados não devem gozar as criaturas privilegiadas a quem Deus prendou com muitos outros órgãos de semelhante natureza!

2209- O preceito de amar a Deus é muito fácil e praticável quando temos aprendido a conhecê-lo e admirá-lo pelo estudo da natureza e de nós mesmos.

2210- Amor e gratidão à divindade é suprema felicidade.

2211- O juízo é tão vulgar para alguns homens que no seu procedimento e opiniões parecem preferir a denominação de loucos ou extravagantes.

2212- Quanto é bela a natureza para quem ama e admira a Deus! Este mundo não é já um vale de lágrimas, mas um paraíso de risos e delícias, onde a bondade divina se expande e manifesta para bem e felicidade das suas criaturas vivas, sensíveis e inteligentes.

2213- Não conhecemos os homens como eles são, mas como os concebemos, modificados pelos nossos sentidos, paixões e interesses.

2214- Conquistai os vossos inimigos com benefícios, e os tereis sujeitos e amigos por gratidão.

2215- A responsabilidade não intimida os velhacos, e dissuade dos empregos aos homens probos.

2216- As abstrações enganam a muita gente que as supõem realidades.

2217- Quem é mais digno de ser amado senão Deus, autor e inventor de todos os amores!

2218- A educação por bons exemplos é mais eficaz do que por boas doutrinas.

2219- Os velhos sabem e querem, mas não podem; os moços querem e podem, mas não sabem.

2220- As altas inteligências imaginam e inventam, as pequenas comentam ou arremedam.

2221- Há muita gente que presume honrar a sua rudeza, grosseria e incivilidade qualificando-as de franqueza, independência e amor da verdade.

2222- As paixões são escravas que muitas vezes se amotinam contra a razão, sua senhora.

2223- Bondade e justiça são os dois atributos essenciais para os que governam, e as mais firmes colunas dos tronos dos imperantes.

2224- Não confieis a vossa fazenda de quem sabe melhor gastar do que ganhar.

2225- A ignorância é talvez um dos principais elementos da felicidade de muita gente.

2226- Não é dado a vivente algum distinguir o instante em que adormece ou em que morre.

2227- A maldade supõe deficiência, a bondade suficiência.

2228- O grande engenho se exalta no infortúnio, como a água sobe alto comprimida nos repuxos.

2229- Os maus, como os bons, têm sempre por fim o seu maior bem; mas os primeiros esperam consegui-lo mais brevemente com dano dos outros, os segundos, com segurança e sem risco, zelando e promovendo o bem de todos.

2230- O homem mais hábil é aquele que sabe criar, coordenar, aproveitar e dirigir as circunstâncias em beneficio próprio, com proveito ou sem detrimento dos outros homens.

2231- Morremos como nascemos sem termos o sentimento nem a consciência de tais eventos.

2232- Vivemos porque gozamos incomparavelmente mais do que sofremos: se sucedesse o contrário, morreríamos em breve tempo.

2233- Há na vida humana, como nos mares, um fluxo e refluxo de bens e males que nos põem em ação e movimento, e não consente que existamos no estado de inércia e apatia.

2234- Os povos fingem desconhecer as causas dos seus males, nem toleram que lhas descubram quando reconhecem que eles mesmos foram a origem e os motores de suas próprias calamidades.

2235- Convém muito, para melhorarmos ou não piorarmos, que tenhamos inimigos que nos observem, e nos tornem cautelosos e circunspetos.

2236- Pesa-nos tanto em um tempo a nossa insignificância como em outro a própria importância: temos saudades da primeira quando possuímos a segunda.

2237- Não são incômodos neste mundo os que aspiram somente aos bens e delícias da outra vida.

2238- Tudo é limitado nos homens, menos os seus desejos e ambição, argumento da sua futura destinação.

2239- Convém não refletir e meditar muito para não chegarmos a desencantar-nos do mundo e da vida humana.

2240- Os soberbos são também ingratos e invejosos.

2241- A maior e melhor garantia para o sábio é o silêncio com a solidão.

2242- É mais difícil ter senhorio sobre nós mesmos que dominação sobre os outros homens.

2243- A racionalidade dos homens se distingue especialmente pela sua religiosidade.

2244- A velhice, que enruga o rosto, também faz murchar o entendimento.

2245- A verdadeira sabedoria não pode ser definida, mas sentida e compreendida somente por aqueles que a possuem.